quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Soneto da separação
Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinicius de Moraes)
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinicius de Moraes)
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Uma carta de Machado de Assis
Rio de Janeiro, 20 de novembro de 1904
Meu caro Nabuco,
Tão longe, e em outro meio, chegou-lhe a notícia da minha grande desgraça, e você expressou a sua simpatia por um telegrama. A única palavra com que lhe agradeci é a mesma que ora lhe mando, não sabendo outra que possa dizer tudo o que sinto e me acabrunha. Foi-se a melhor parte da minha vida e aqui estou só no mundo. Note que a solidão não me é enfadonha, antes me é grata, porque é um modo de viver com ela, ouvi-la, assistir aos mil cuidados que essa companheira de 35 anos de casados tinha comigo; mas não há imaginação que não acorde, e a vigília aumenta a falta da pessoa amada. Éramos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um grande favor; primeiro, porque não acharia a ninguém que melhor me ajudasse a morrer; segundo, porque ela deixa alguns parentes que a consolariam das saudades, e eu não tenho nenhum. Os meus são os amigos, e verdadeiramente são os melhores; mas a vida os dispersa, no espaço, nas preocupações do espírito e na própria carreira que a cada um cabe. Aqui me fico, por ora na mesma casa, no mesmo aposento, com os mesmos adornos seus. Tudo me lembra a minha meiga Carolina.
Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei muito tempo em recordá-la.
Irei vê-la, ela me esperará.
Não posso, caro amigo, responder agora à sua carta de 8 de outubro; recebi-a dias depois do falecimento de minha mulher, e você compreende que apenas posso falar deste fundo golpe.
Até outra e breve; então lhe direi o que convém ao assunto daquela carta que, pelo afeto e sinceridade, chegou à hora dos melhores remédios. Aceite este abraço do triste amigo velho
Machado de Assis
Meu caro Nabuco,
Tão longe, e em outro meio, chegou-lhe a notícia da minha grande desgraça, e você expressou a sua simpatia por um telegrama. A única palavra com que lhe agradeci é a mesma que ora lhe mando, não sabendo outra que possa dizer tudo o que sinto e me acabrunha. Foi-se a melhor parte da minha vida e aqui estou só no mundo. Note que a solidão não me é enfadonha, antes me é grata, porque é um modo de viver com ela, ouvi-la, assistir aos mil cuidados que essa companheira de 35 anos de casados tinha comigo; mas não há imaginação que não acorde, e a vigília aumenta a falta da pessoa amada. Éramos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um grande favor; primeiro, porque não acharia a ninguém que melhor me ajudasse a morrer; segundo, porque ela deixa alguns parentes que a consolariam das saudades, e eu não tenho nenhum. Os meus são os amigos, e verdadeiramente são os melhores; mas a vida os dispersa, no espaço, nas preocupações do espírito e na própria carreira que a cada um cabe. Aqui me fico, por ora na mesma casa, no mesmo aposento, com os mesmos adornos seus. Tudo me lembra a minha meiga Carolina.
Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei muito tempo em recordá-la.
Irei vê-la, ela me esperará.
Não posso, caro amigo, responder agora à sua carta de 8 de outubro; recebi-a dias depois do falecimento de minha mulher, e você compreende que apenas posso falar deste fundo golpe.
Até outra e breve; então lhe direi o que convém ao assunto daquela carta que, pelo afeto e sinceridade, chegou à hora dos melhores remédios. Aceite este abraço do triste amigo velho
Machado de Assis
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
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Me diga que é mentira,
Me abrace e me convença
que tudo não passou de um pesadelo.
Diga que sempre estará do meu lado
E que nunca vai embora,
E me prometa que o brilho de seus olhos
sempre iluminará meu dias.
Algo dentro de mim me diz
Que o que está acontecendo
é apenas passageiro,
e que nada que é bom é eterno,
mas ainda me recuso a acreditar.
Me diga que é mentira,
Me abrace e me convença
que tudo não passou de um pesadelo.
Diga que sempre estará do meu lado
E que nunca vai embora,
E me prometa que o brilho de seus olhos
sempre iluminará meu dias,
E que esse é apenas o fim do começo.
Me abrace e me convença
que tudo não passou de um pesadelo.
Diga que sempre estará do meu lado
E que nunca vai embora,
E me prometa que o brilho de seus olhos
sempre iluminará meu dias.
Algo dentro de mim me diz
Que o que está acontecendo
é apenas passageiro,
e que nada que é bom é eterno,
mas ainda me recuso a acreditar.
Me diga que é mentira,
Me abrace e me convença
que tudo não passou de um pesadelo.
Diga que sempre estará do meu lado
E que nunca vai embora,
E me prometa que o brilho de seus olhos
sempre iluminará meu dias,
E que esse é apenas o fim do começo.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Hoje
Hoje vi meu presente passar a ser meu passado.Hoje eu vi meu futuro mais próximo. Eu vejo o tempo passar e vejo o relógio correr mais rápido. Já não tenho o mesmo brilho nos olhos e a inocência da minha infância. O horizonte é um ponto de interrogação, me sinto inseguro, o tempo me assusta! A vida escorrega das minhas mãos e já não sei se o tempo é meu aliado ou meu inimigo. Já naveguei todo um mar e agora vejo a enseada da vida se fechando em minha frente. Mas a voz do vento me diz que ainda a muito a navegar.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
domingo, 7 de fevereiro de 2010
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